No dia 30 de março de 1964 os sócios do Centro Acadêmico Luis de Queiroz (Calq) foram convocados para uma assembleia extraorinária na sede que ficava no andar superior num sobradão na rua Prudente de Moraes (no andar térreo funcionavam as oficinas e de redação do Diário de Piracicaba). Enfim, lá fomos nós na Sala de reuniões que ficava no final do corredor das salas do Calq e que servia para guardar caixas e materiais do bar do Centro. No início da reunião, após ser feita a verificação de presença e colocada em pauta o motivo da assembléia - "Greve geral das Escolas superiores contra o golpe militar" que falava-se aconteceria nas próximas horas ou dias - houve a inscrição dos oradores. Estavam inscritos vários oradores e entre eles um que seria professor da Esalq (cujo nome não me lembro). Ele subiu no caixão vazio de garrafa de cerveja (brama) e num ímpeto apontando para nossa direção disse: "È ele!" e apontava na nossa direção. Todo mundo da assembléia olhou para o nosso lado. E repentinamenrte apontou para o lado contrário com os dedos estendidos e disse: "É ele!!" e todo mundo olhou para o lado que ele apontava. E continuou apontando para mais duas direções e finalmente disse: "Estão Vendo. A turba não pensa, ela vai para onde alguém aponta ou conduz. Por isto vamos pensar se entramos ou não em greve." E todo mundo ficou pensativo e serviu para a assembléia decidir melhor se entrava ou não em greve. Mas devido à atmosfera reinante na universidade a assembléia votou pela greve e também devido a outros oradores que nos convenceram que os militares pretendiam tomar o poder e dar o golpe. E os alunos da Esalq. entraram em greve.
Esta situação demonstra que a minoria quando conduzida por líderes pode tomar decisões que podem afetar a sociedade.
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